Síntese do seminário
Pratica escolar: do erro como fonte
de castigo ao erro como fonte de virtude
... Todavia, uma visão culposa do erro
possibilita sua utilização de forma construtiva. (p.189)
O castigo escolar a partir do erro
As condutas dos alunos consideradas como
erros tem dado margem, na prática escolar, tanto no passado como no presente,
às mais variadas formas de castigos por partes do professor, indo desde as mais
visíveis até as mais sutis. (p.189)
Uma forma intermediaria de castigo, entre
o físico e o moral, era deixar o aluno “em pé”, durante a aula, enquanto os
colegas permaneciam sentados. Neste caso era castigado fisicamente, pela
posição, e moralmente, pelo fato de tornar-se visível a todos os colegas a sua
fragilidade. Era a exposição publica do erro. (p.190)
Uma forma de castigar um pouco mais sutil
que as anteriores, que existiu no passado e que ainda existe, é a pratica pela
qual o professor cria um clima de medo, tensão e ansiedade entre os alunos: faz
uma pergunta a um deles, passando-a para um segundo, terceiro e assim por
diante gerando tensão nos alunos... (p.190)
Uma modalidade diversa do castigo é a
ameaça do castigo. O aluno sofre por antecipação, pois fica na expectativa do
castigo que poderá vir e numa permanente atitude de defesa. São as ameaças de
futuras repressões, caso os alunos não caminhe bem nas condutas que devem ser
aprendidas, sejam elas cognitivas ou não. (p.191)
Sabemos que outras formas mais sutis de
castigar têm sido utilizadas ainda hoje, tais como: a gozação com um aluno que
não foi bem; a ridicularização de um erro; a ameaça de reprovação; o teste
“relâmpago”, como foi denominado aquele que é realizado para “pegar os alunos
de surpresa”... (p. 191)
As razões do uso do castigo
A ideia e a pratica do castigo decorrem da
concepção de que as condutas de um sujeito- aqui, no caso, o aluno- que não
correspondem a um determinado padrão preestabelecido, merecem ser castigadas, a
fim de que ele “pague” por seu erro e “aprenda” a assumir a conduta que seria
correta. (p.193)
Nessa perspectiva, o erro é sempre fonte
de condenação e castigo, porque decorre de uma culpa e esta, segundo os padrões
correntes de entendimento, deve ser reparada. (p.193)
Contudo, o erro poderia ser visto como
fonte de virtude, ou seja, de crescimento. O que implicaria estar aberto a
observar o acontecimento como acontecimento, não como erro;... (p.194-195)
É preciso, antes de mais nada, observar,
para depois julgar. Nossa pratica, entretanto, tem sido inversa: primeiro
colocamos a barreira do julgamento, e só depois tentamos observar os fatos.
Neste caso, a observação fica “borrada” pelo julgamento. Certamente, não é
fácil observar primeiro para depois julgar, mas é preciso aprender esta
conduta, se queremos usar o erro como fonte de virtude, ou seja, de
crescimento. (p.195)
O que é o erro?
A ideia de erro só emerge no contexto da
existência de um padrão considerado correto. A solução insatisfatória de um
problema só pode ser considerada errada a partir do momento em que se tem uma
forma considerada correta de resolvê-lo, uma conduta é considerada errada na
medida em que se em uma definição de como seria considerada correta e assim por
diante. P.(195)
Em metodologia da ciência, sempre se diz
que há um caminho aleatório pelo qual a humanidade tentou produzir a ciência –
o método da “tentativa do acerto e do erro”. Ou seja, para produzir
conhecimento, ia se tentando; se desse certo, obtinha-se um conhecimento,caso
contrário, não havia conhecimento e ia-se tentando novamente. (p.195-196)
No caso da aprendizagem escolar, pode
ocorrer o erro na manifestação da conduta aprendida, uma vez que já tenha o
padrão do conhecimento das habilidades ou das soluções a serem aprendidas.
Quando um aluno, em uma prova ou em uma pratica, manifesta não ter adquirido
determinado conhecimento ou habilidade, por meio de uma conduta que não condiz
com o padrão existente, então podemos dizer que ele errou. Cometeu um erro em
relação ao padrão. (p.197)
O uso do erro como fonte de virtude
Os erros da aprendizagem, que emergem a
partir de um padrão de conduta cognitivo ou pratico já estabelecido pela
ciência ou pela tecnologia, servem positivamente de ponto de partida para o
avanço, na medida em que são identificados e compreendidos, e sua compreensão é
o passo fundamental para a sua superação. (p.198)
O erro para Ser utilizado como fonte de
virtude ou de crescimento, necessita de efetiva verificação, para ver se
estamos diante dele ou da valorização preconceituosa de um fato; e de esforço,
visando compreender o erro quanto a sua constituição (como é esse erro?) e
origem (como emergiu esse erro?). (p.198)
O erro, especialmente no caso no caso da
aprendizagem, não deve ser fonte d castigo, pois é um suporte para a
autocompreensão... (p.198)
Assim sendo o erro não é fonte para o
castigo, mas suporte para o crescimento... O erro, aqui, é visto é visto como
algo dinâmico, como caminho para o avanço. (p.198)
O erro e a avaliação da aprendizagem
escolar
A avaliação não deveria ser fonte de
decisão sobre o castigo, mas de decisão sobre os caminhos do crescimento sadio
e feliz. (p.199)
Conclusão
Nesta reflexão, importa deixa claro que
não estamos fazendo uma apologia do erro e do insucesso como fontes necessárias
do conhecimento... Por sobre o insucesso e o erro não se devem acrescer a culpa
e o castigo. Ocorrendo o insucesso ou o erro, aprendamos a retirar deles os
melhores e os mais significativos benefícios. (p.199-200)
Referencias
LUCKESI,
Cipriano Carlos. Pratica escolar: do erro como fonte de castigo ao erro como
fonte de virtude. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem
escolar: estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p.
189-200.
As vezes o erro é visto de forma negativa por muitos mas esquece que omesmo tem sua parte positiva pois é atravéss do erro que se aprimora o conhecimento e nos leva a crescer na aprendizagem.
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